VENCER A BATALHA DA COMUNICAÇÃO, UMA LUTA NECESSÁRIA

Notícias 16/04/2018

Crédito de imagem: Talita Burbulhan e Agência PT

Olá pessoal, aqui quem escreve é Talita, sou uma das jornalistas do mandato do vereador Profº Lino Peres. Nos últimos dias, estive fora de Florianópolis para participar da “Conferência Lula Livre – Vencer a Batalha da Comunicação”, realizada em São Paulo, nos dias 13 e 14 de abril de 2018. Lá me juntei com assessoras e assessores de mandatos petistas dos mais diversos cantos do país e também com jornalistas de mídias alternativas para fortalecermos a defesa da democracia e a campanha em torno da liberdade de Lula. Foi uma ótima oportunidade para refletir e alinhar ideias. Se por um lado avaliávamos a influência dos grandes veículos de informação como fundamentais para consolidar o golpe no Brasil, por outro, estávamos ali para afirmar a comunicação como uma das nossas frentes de luta e resistência à preocupante conjuntura política do país. Eu deixei São Paulo revigorada, um pouco mais esperançosa e com uma vontade de compartilhar as ideias. Aliás, um tanto dessa rica experiência eu divido com vocês a seguir.

Sexta-feira à tarde:

A primeira atividade do dia ocorreu ao longo tarde de sexta-feira e contou com a presença de convidadas(os) internacionais, que relataram suas experiências com comunicação nos espaços em que atuam. Estiveram presentes: Bernardina Ribas, da Frente Ampla, coalizão política de esquerda que elegeu os três últimos presidentes do Uruguai; seu conterrâneo Nico Perez, da Rádio M24; Bhaskar Sunkara, editor da Jacobin, revista de viés socialista em circulação nos Estados Unidos; Beto Vasques, militante do partido político espanhol Podemos; e Nacho Perez, correspondente da TeleSur, rede de televisão com sede em Caracas, na Venezula. Todos participaram voluntariamente do encontro, convencidos da importância de convergirmos em torno de pautas em comum e de estabelecermos parcerias. “Há vozes aqui, precisamos levá-las para fora”, avaliou Nacho reconhecendo as dificuldades de transmitir o que ocorre no Brasil sob uma perspectiva popular e com isso incentivando a criação de parcerias entre a mídia alternativa local e a internacional.

Sexta-feira à noite:

A  fala de abertura do ato político que contou com a presença da presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, assim como de outras lideranças políticas e dos movimentos sociais, ficou por conta do jornalista e ex-ministro da Comunicação Social, Franklin Martins que fez uma avaliação sincera e necessária: “Os acertos ao longo dos 13 anos de governo petista motivaram o golpe, no entanto ele triunfou devido aos nossos erros”, declarou ele, apontando como um dos principais equívocos a falta de ações efetivas para a democratização dos meios de comunicação. Franklin reconheceu a dificuldade em discutir a regularização das mídias, uma medida de fundamental importância para o estabelecimento da democracia, porém sempre boicotada pelos oligopólios da comunicação que fazem questão associá-la a uma tentativa de controle e censura à liberdade de expressão.

Bia Barbosa, do coletivo Intervozes, foi quem assumiu o microfone, após a fala do ex-ministro. Sem deixar de reconhecer a urgência em democratizar as mídias - discussão importante, porém de longo prazo - ela pontuou algumas ações imediatas, como a necessidade de atentar para projetos de lei que colocam em risco o uso que fazemos hoje da internet e que estão prestes a serem votados no Congresso Nacional. Também convidou para fortalecer os espaços que já pautam essas e outras discussões que nos são pertinentes, como a FrenteCom (Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular), uma articulação entre a sociedade civil e as deputadas e deputados dentro da Câmara Federal.  

Por fim, foi a vez de Renata Mielli, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e secretária-geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, contribuir para a discussão. Seu alerta inicial foi para a falta de compreensão da comunicação como um direito: “as pessoas nem imaginam que podem se defender de conteúdos abusivos, como os que ferem direitos humanos, que são transmitidos por algumas emissoras”, explica ela. Na sua avaliação, houve uma inocência ao longo dos governos petistas em acreditar que algo novo poderia ser feito no âmbito da comunicação sem que os oligopólios do setor interferissem. Portanto, criticou tanto a falta de políticas de fomento às mídias alternativas, como a carência de mecanismos de fiscalização das consolidadas e hegemônicas, mídias comerciais. Como caminho para contornar a situação, responsabilizou as(os) parlamentares municipais, estaduais e federais a elaborarem desde já projetos de lei que garantam políticas públicas nesse sentido.

O verso afiado de Lucas Afonso, integrante do Slam Resistência de São Paulo, fechou a noite com muita rima e conteúdo, dando uma lição de linguagem para jornalistas e assessoras(es) de comunicação.

Sábado pela manhã

O dia começou com uma emocionante intervenção artística do grupo Levante Mulher. Completava-se um mês da execução da vereadora do PSOL Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. A morte deles foi lembrada, assim como a de tantas(os) outras(os) pretas(os), pobres e periféricas(os) que cotidianamente são vitimadas(os) no Brasil. País estruturalmente organizado para impedir a cidadania, visto que cotidianamente as relações sociais são estabelecidas com hierarquia e desigualdade, como explicou a filósofa Marilena Chauí, uma das atrações daquela manhã de sábado. Ela fez uma reflexão teórica dos vínculos entre comunicação e democracia e finalizou falando sobre as contradições da internet.

Em seguida, foi a vez do cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Juarez Guimarães, defender o engajamento extremo na campanha internacional e nacional pela liberdade de Lula como ferramenta fundamental para que o ex-presidente seja solto. Guimarães avalia que a prisão não foi suficiente: “A coalizão golpista ainda necessita calá-lo”, avalia o professor, sem deixar, no entanto, de lembrar que, “no ato em São Bernardo Lula passou para nós o seu poder de voz”.

Sábado à tarde

Minha despedida da Conferência foi na atividade sobre Redes Sociais, que contou com a participação de Bianca Santana, jornalista e colunista da Revista Cult;  José Chrispiniano, do Instituto Lula e Otávio Antunes, da Agência PT. Foi um momento descontraído e de troca de experiências sobre o uso de mídias digitais. É empolgante conhecer profissionais que usam as ferramentas do Facebook, Instagram, Twitter, Whatsapp e demais redes de forma estratégica para potencializar as suas lutas.

Por fim, saímos mais convictos de que não é possível tratar a comunicação como uma questão secundária. Eu, aliás, volto com mais uma certeza: em um mundo preenchido de tecnologias que derrubem as barreiras geográficas entre pessoas, o poder da presença, da conversa olho no olho, ainda é a mais potente forma de comunicar. Parabéns às(os) dirigentes do Partido dos Trabalhadores por terem promovido esse necessário encontro.

 


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