Eles estavam ansiosos antes de entrar no Plenário. Riam e brincavam uns com os outros, mas havia uma excitação diferente neste dia. Os 22 meninos e meninas que foram empossados vereadores-mirins no dia 2 de março na Câmara Municipal de Florianópolis sabiam que seu novo papel é importante e traz responsabilidades.

“Seja a mudança que você quer no mundo”, discursou Letícia da Silva da Costa, do colégio Imaculada Conceição, citando Ghandi e iluminando o salão com a esperança dos jovens. Os estudantes da 5ª à 8ª série foram escolhidos por suas escolas da rede de ensino municipal, estadual e particular de ensino de Florianópolis para fazer parte do Projeto Vereador Mirim, criado pela Câmara em 2005 para aproximar os jovens do poder legislativo e ajudar na formação de cidadãos conscientes. Eles atuarão no biênio 2015-16.

Cada mirim tem um vereador da Casa como padrinho, e Letícia é a protegida do vereador Lino Peres.  Importante: ela pediu para ser apadrinhada por ele. “Meu pai falou que ele ajudou muito na nossa comunidade, discutindo sobre as obras da SC-403”, conta a moradora da Vargem Grande. Desde que foi lançado o projeto de duplicação da rodovia, Lino (arquiteto urbanista), grupos de especialistas e moradores criticaram a proposta e sugeriram saídas mais viáveis e baratas. Como professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, Lino ajudou a formular um projeto alternativo, muito mais seguro e de custo menor.  A família de Letícia é um exemplo da inseguridade causada pelas obras: ela e os pais foram atropelados por uma moto ao tentar atravessar a via. Sua mãe rachou a bacia e o pai quebrou uma perna.

 “Espero que a Câmara faça leis mais justas e que os vereadores fiscalizem com os olhos do povo”, diz a pequena parlamentar. Os vereadores mirins têm a mesma prerrogativa dos vereadores eleitos, e além da fiscalizar o executivo podem elaborar propostas, projetos de lei, realizar visitas em campo, propor audiências públicas, por exemplo. As propostas serão votadas pela Casa.

Letícia quer ser uma vereadora atuante. Escolhida pela escola por seu perfil voluntarioso, ela diz querer fazer parte da Mesa Diretora entre os alunos. “Quero poder ajudar a cidade e fazer algo de novo, que mude a realidade de injustiças”. Seja bem-vinda, Letícia. O mandato está de portas abertas às tuas ideias, e contamos com a sua atuação e juventude para melhorar Florianópolis.