EVENTO DEBATE FORMAS DE RESISTÊNCIA AO GOLPE

Notícias 18/05/2017

Aconteceu no dia 15 de maio, no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC a aula pública "Resistência e Reorganização da Sociedade Civil em Tempos de Golpe" para debater possibilidades de ação frente a conjuntura política atual. O evento organizado pela Abog (Associação brasileira das organizações não-governamentais) contou com a participação da indígena guarani Kerexu Yxapyry, do militante negro da UNEAFRO Douglas Belchior e do representante do MTST Vitor Guimarães, sob a mediação de Eleuteria Amora.

Douglas abriu a mesa, pontuando que dos 517 anos de história "oficial" brasileira, 3/4 do período foram de escravidão, enquanto os mais recentes são marcados por duas ditaduras. Para ele, tal contexto influencia a construção subjetiva do povo fazendo com que as pessoas carreguem hoje as marcas dos antepassados. Também criticou a esquerda branca pela letargia em pautar o extermínio da população negra no país: "os corpos negros só passaram a ser pauta em 2013, quando os militantes brancos passaram a sofrer com a truculência da polícia nas manifestações​", afirmou Belquior, que ao finalizar reivindicou que a própria sociedade civil se organize para colocar seus representantes nas instâncias de poder.

Depois foi a vez de Kerexu que começou sua fala agradecendo ao deus indígena Nhanderu pela existência e a possibilidade de estarmos vivos. Ela traçou a trajetória do seu povo ao longo da história e quais foram as transformações acarretadas desde a invasão portuguesa. Reconhece que até os dias de hoje reconhecer-se indígena é estar sujeito às estigmatização. Seu recado final foi chamar o povo para a ação: "Todo mundo tem na cabeça o que tá errado e o que pode que melhorar, mas ficamos esperando", criticou.

Já para Vitor Guimarães, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, do Rio de Janeiro vivemos uma crise permanente no Brasil, que agora está em um momento agravado por causa do golpe. Para ele, a opressão que as minorias sofrem em nosso país fazem parte de um projeto político. Salientou que a partir da luta alguns direitos foram conquistados, mas que não houve força suficiente para torna-los estruturantes. Hoje, defende que a saída é exercer um trabalho de base efetivo, aproximando-se de fato da população, tarefa que a esquerda descuidou nos últimos anos.

Após as falas, o debate ficou aberto para a participação do público.

 


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