2º FÓRUM SOBRE VIOLÊNCIA URBANA DA PROCASA

Notícias 09/05/2017

No dia 6 de maio, o Centro Comunitário da Procasa sediou um encontro organizado por Marcos Canetta, que debateu violência urbana. A assessoria do vereador Profº Lino Peres participou da discussão sobre Racismo, Homofobia e Intolerância Religiosa, que teve como palestrantes a psicóloga Mathizy Pinheiro, a arte educadora Solange Adão, o capoeirista Fernando Ricardo Bueno (Mestre Tuti), o guarda municipal Deniz José da Silva (Mestre Malagueta) e o professor Ricardo Espíndola. 

O encontro que teve inicio às 9h30, se estendeu até às 14h. Na ocasião, os presentes conheceram a trajetória de vida de Solange Adão, atriz, arte-educadora e coordenadora municipal de políticas públicas para as mulheres. Ela que se considera como uma negra sem movimento, pois "É um movimento", sempre atuou por conta própria para promover mudanças. Hoje reconhece a importância que os(as) negros(as) mais velhas tiveram para sua formação em uma sociedade institucionalmente racista e se satisfaz em ser uma referência para os(as) mais novos.

No vídeo, Solange Adão, uma das palestrantes, extasia a todos(as) os(as) presentes ao declamar o poeta negro catarinense Cruz e Sousa.

Em seguida Mathizy Pinheiro, psicóloga e coach, falou sobre a importância da auto-estima para as crianças negras, foco do projeto "É da nossa cor" que desenvolve dentro da comunidade do Monte Serrat. Ela percebe que a partir do momento em que ingressam na escola as meninas e meninos passam a ter vergonha da sua raça. Suas críticas à educação atingem também o ensino superior: "Na psicologia o estudo é focado no individuo europeu branco", problematiza Mathizy, formada na primeira turma de ações afirmativas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ela acredita na construção de novas estruturas epistemológicas para que haja transformações sociais, pois as formas de pensar que existem não contemplam a complexidade vivida pelo povo negro. 

Os Mestres Tuti e Malagueta salientaram, respectivamente, a importância da capoeira e do boxe como instrumentos de promoção social. "Parece paradoxal associar luta com o fim da violência urbana", afirmou Mestre Tuti, ao iniciar sua fala, em que abordou o histórico da capoeira no Brasil e explicou os benefícios do "Capoeira na Escola", projeto que coordena ha 21 anos, e cujo slogan é "Quem Luta, Não Briga". Se no principio o negro usava os golpes para atingir o feitor na tentativa de fugir para o quilombo, hoje a roda é um espaço educacional. De acordo como Tuti, os participantes são estimulados a se dedicarem aos estudos, a terem boas práticas de higiene, a conhecerem a história da escravidão no Brasil e a respeitarem o próximo. "A roda de capoeira traz para aquele circulo a realidade do mundo", definiu o guarda-municipal Deniz ao relatar os benefícios que teve para a sua própria formação. Se não fosse por seu mestre não teria retomado os estudos e provavelmente não seria hoje o coordenador do projeto "Boxe na Escola", que busca dar outras oportunidades para as crianças. Apesar de compreender a importância de proporcionar outros caminhos para os jovens da periferia, reconhece as dificuldades práticas em manter as iniciativas. "A gente leva na força e na coragem, mas é desgastante", desabafa, criticando a falta de apoio institucional. 

Nesse sentido, a fala do ultimo palestrante, o contador e professor do Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis (IESGF) Ricardo Espíndola, foi crítica à atuação dos gestores públicos, ao reconhecer que as lutas e conquistas vem dos movimentos sociais. Na sua concepção, o modelo de Estado em vigor é repressor e busca somente cumprir a Lei, sendo que, no entanto, o seu cumprimento não é suficiente para mudar a sociedade. Seu posicionamento foi ao encontro das dificuldades enfrentadas pelos palestrantes anteriores que justamente reclamavam da falta de investimento em politicas públicas e de ações continuadas para transformações sociais.

Após a fala dos palestrantes, os presentes, cerca de 15 pessoas, puderam contribuir com a discussão, que se estendeu até o incio da tarde.

No vídeo, Solange Adão extasia a todos(as) os(as) presentes ao declamar o poeta negro catarinense Cruz e Sousa.

Vídeo


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