SENEGALESES PEDEM OPORTUNIDADE E DIGNIDADE EM FLORIANÓPOLIS

Notícias 17/04/2017

"Brasileiros, africanos, egípcios, italianos... Somos todos seres humanos. Todos precisamos trabalhar, só queremos trabalhar certinho", dizia a voz de Boubacar Dieye no microfone. Cerca de 30 senegaleses saíram às ruas do centro de Florianópolis na tarde do dia 7 de abril para protestar contra a perseguição policial e pelo direito de vender suas mercadorias legalmente. Em suma, poder viver em nosso país com alguma dignidade. Assim como outros imigrantes, a comunidade tem sido sistematicamente perseguida pela Guarda Municipal na capital e há diversos relatos de agressões verbais e físicas - e Boubacar afirma ter vídeos que provam a violência policial.

Presentes e indignados com as denúncias, os vereadores Lino Peres (PT) e Renato Geske (PSOL) encaminharam um reunião ampliada com a comunidade, representantes das Guarda Municipal, da PM e da Prefeitura no dia 10. Nosso mandato vem acompanhando a situação há algumas semanas e tenta intermediar uma solução para esse grave problema.

Além do fim da perseguição e dos maus tratos, a principal reivindicação dos senegaleses é a concessão de alvará para vender seus produtos legalmente. "Nós vendemos os mesmos produtos que vende no camelô, compramos na 25 de março. Queremos pagar as taxas e imposto e trabalhar para sustentar nossas famílias", esclareceu Boubacar. Além das apreensões nas ruas, os imigrantes disseram que são ostensivamente parados pelos policiais mesmo quando não estão vendendo, e que já tiveram diversos itens pessoais como celulares e documentos confiscados. "Quando vamos até a Guarda recuperar nossas coisas eles dizem que o material não está lá. Os policiais ficam com os nosso produtos, todo mundo gosta de tênis bonito, né...", criticou um deles para os diversos jornalistas que acompanharam a passeata. 
 

REUNIÃO

No dia 10, ambulantes senegaleses, parlamentares, comerciantes e agentes públicos reuniram-se no Plenarinho da Câmara Municipal para debater as condições de trabalho dos imigrantes em Florianópolis. Boubacar Dieye, representante da comunidade senegalesa, apresentou uma carta em que ele e seus conterrâneos se dispõem a colaborar para a construção de uma política de acolhimento humanizada e ética em Florianópolis. A falta de conhecimento do idioma local e da legislação brasileira faz com que os estrangeiros necessitem de políticas públicas que os insiram no trabalho formal. Apesar de um dos motivos para convocação da  reunião ter sido as denúncias de agressões sofridas pelos senegaleses, o assunto foi pouco debatido durante o encontro. Isso porque a Guarda Municipal alegou não haver provas da acusação e que a forma como seus agentes atuam está de acordo com os protocolos de ação. Mesmo assim, os imigrantes fizeram denúncia na Defensoria Pública por sentirem que os policiais agem de maneira seletiva, e que os demais ambulantes não recebem o mesmo tratamento conferido a eles.

Um dos encaminhamentos, sugerido pela comandante da Guarda Municipal, Maryanne Mattos, é a realização de um curso sobre produtos piratas, para que os senegaleses possam trabalhar dentro da lei. Outra alternativa apresentada por Maycon Cassimiro Oliveira, superintendente da Secretaria Especial de Serviços Públicos (SESP), é verificar a legalidade dos produtos comercializados pelos ambulantes. Lino Peres, em parceria com o mandato de Renato Geske (PSOL), encaminhará requerimento solicitando uma nova reunião ampliada ou Audiência Publica para a continuação do diálogo e prestar contas do que será encaminhado das 12 ações tiradas na reunião.

A imprensa repercutiu o caso:

COLETIVO MARUIM: http://maruim.org/2017/04/13/apos-manifestacao-senegaleses-sao-interpelados-em-reuniao-na-camara/

UOL: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/04/14/trabalhadores-informais-senegaleses-dizem-sofrer-violencia-em-florianopolis.htm

NOTÍCIAS DO DIA: http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/senegaleses-se-reunem-para-protestar-contra-a-violencia-em-florianopolis

 

 

Assista a vídeos da manifestação e depoimento de Boubacar Dieye:

 

Vídeo


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