RODA DE CONVERSA "AS NEGRAS, OS NEGROS E A CIDADE" REÚNE MILITANTES NO COMITÊ DA CIDADANIA
“Quem não foi perdeu um dos melhores diálogos da história militante desse município. Foi Negra. Foi Negro. Foi lindo demais...”
Foi assim que Jeruse Romão, mestre em educação e militante negra, definiu roda de conversa 'As Negras, Os Negros e a Cidade', organizada pela campanha do Prof. Lino Peres no dia 17 de setembro.
Estavam presentes históricas lideranças negras como professor doutor da UDESC Paulino Cardoso e o ex-presidente municipal do PT, o ex-ministro-adjunto da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do governo Lula, João Carlos Nogueira, e a mestre em educação e feminista negra Cristiane Mare, além de lideranças da capoeira em Florianópolis como os Mestres Jimmy Wall Jô Capoeira e Cristiane Mare.
O importante encontrou também mobilizou as lideranças históricas do movimento em Santa Catarina, como Jeruse Romão e Lino Peres, fundadores do Núcleo de Estudos Negros, em 1986.
Na pauta do encontro, juventude negra, mulheres negras, afroempreendedores, quilombolas e as eleições municipais de 2016.
Cada presente optou por uma abordagem diferente sobre os temas conversados. Paulino falou sobre a presença histórica dos negros em Santa Catarina e os modos de exclusão que parte da sociedade vai adotando para que os negros não vivenciem a cidade.
Nogueira propõe que o mandato do Prof. Lino Peres dê início a um fórum permanente pra discutir o movimento dos negros na cidade, com transversalidade de raça, classe e gênero, como principio da gestão municipal.
Mare trouxe o viés de gênero e falou sobre a pouca representatividade das mulheres negras. Jimmy Wall, por sua vez, falou da capoeira como ocupação da cidade, e aproveitou para criticar a modernização e elitização do Mercado Público que acabou excluindo as rodas de capoeira do local.
Atualmente, 13% da população de Florianópolis é negra, a maioria empurrada para as periferias, onde há maior fragilidade em segurança, acesso e permanência escolar, déficit em urbanização e as maiores taxas de desemprego.
Precisamos discutir o racismo nos territórios e espaços públicos, além do racismo institucional, que dificulta o acesso à saúde, educação e aos serviços públicos, assim como combater a intolerância religiosa que nosso povo vem sofrendo e garantir a territorialidade das comunidades quilombolas. É preciso reformular o Conselho do Negro para que o debate sobre igualdade racial avance na legislação de Florianópolis.
Nesse sentido, precisamos que o Prof. Lino Peres seja vereador mais uma vez, com a união de todas as negras e negros da cidade, para fiscalizar e acolher a pluralidade do movimento negro. Vem com a gente!