RESPOSTA DO VEREADOR LINO PERES A MAIS UM ATAQUE DA DIREITA

Notícias 28/07/2016

LUTA COLETIVA CONTRA TRANSATLÂNTICO DE FALSO LUXO

Artigo com esse título foi publicado na quarta-feira, 27, na seção de opinião do jornal Notícias do Dia, em resposta ao ataque que sofri do engenheiro Acácio Garibaldi Filho, ex-diretor e ex-presidente do Ipuf, publicado no mesmo jornal no dia 22 de junho sob o título "Triste crítico de obras feitas". Me acusa de ser “contra a cidade” e de tentar “impedir” a concretização do Plano Diretor. Não poderia haver distinção mais clara entre duas visões de cidade: o engenheiro vê Florianópolis como instrumento do desenvolvimentismo para atender interesses específicos, eu a enxergo como uma construção popular e democrática, onde todos têm direito à cidade. Mais do que isso: em seu artigo, o engenheiro ignorou o protagonismo de milhares de pessoas que, ao longo dos anos, vêm lutando para impedir vire um transatlântico de falso luxo. Foi ao lado dessas pessoas que escolhi ficar.

Segue abaixo a versão original enviada ao jornal, que foi editada para publicação.

LUTA COLETIVA CONTRA TRANSATLÂNTICO DE FALSO LUXO

Aos 64 anos descubro que tenho alguma espécie de superpoder, ao menos na interpretação que fez de minha trajetória o engenheiro Acácio Garibaldi Filho. Há alguns dias ele usou este espaço para relembrar processos importantes para Florianópolis dos quais participei e me acusou de estar “contra a cidade” e de tentar “impedir” a concretização do Plano Diretor. Cada episódio por ele citado ignora o protagonismo de centenas de pessoas que, ao longo dos anos, lutaram e lutam para impedir que a capital catarinense vire um transatlântico de falso luxo, porque cercado de águas contaminadas, sem a natureza preservada que lhe dá a fama, hiperpovoado por veículos e com parte expressiva da população apenas “convidada” para alimentar as caldeiras nos porões. Foi ao lado destas pessoas que escolhi ficar.

Pessoas como esse engenheiro não estão acostumadas com as novas leis que garantem a participação popular na elaboração de planos e programas urbanos. Se tivesse levado isso em conta e da forma apropriada, a prefeitura não precisaria rever o Plano Diretor em 2016, o que só ocorreu por decisão da Justiça.

Ao longo de minha carreira universitária de 38 anos, elaborei, junto a mais de 20 comunidades, alternativas de projeto para resolver problemas habitacionais e urbanos. Foi o caso do Plano Diretor Alternativo para Ingleses Sul-Santinho (2001-2002), feito em seis meses contra os mais de três anos da proposta oficial do IPUF e que foi aprovado por uma assembleia de 500 moradores, virando um substitutivo à proposta oficial na Câmara, mas nunca implementado pela prefeitura.

O Projeto Habitacional Chico Mendes/Habitar Brasil BID, citado pelo engenheiro, tinha, sim, dois erros básicos: o tamanho reduzidíssimo das casas, que teriam em torno de 42 metros quadrados, sem espaço para aumentar, e o sistema viário, que colocava e ainda coloca em risco a segurança dos moradores. Pela pressão das comunidades, foi possível aumentar algumas unidades para 50 metros quadrados, com assessoria de nossa equipe via UFSC.

Foi também a organização popular que barrou a proposta do Plano Diretor da Planície Entremares (sul da Ilha), a qual aumentava a densidade populacional na região para 450 mil habitantes, mais de quatro vezes a população local no final dos anos 90, com alto impacto ambiental sobre o delicado aquífero da região, além de prever uma via nas dunas! Do mesmo modo a comunidade da Bacia do Itacorubi é que se organizou para evitar que a prefeitura duplicasse a rua Edu Vieira sem apresentar projeto condizente. O Grupo de Pesquisa que coordeno (GEMURB/UFSC), apesar de nem de perto ter a estrutura da prefeitura, apresentou projeto alternativo construído com os moradores. Vá conhecê-lo, engenheiro!

A época dos projetos impostos de cima para baixo passou. Não tenho o superpoder a mim creditado no citado artigo. Nem o quero, porque acredito na luta coletiva e organizada para garantir um futuro sustentável para Florianópolis. Melhor seria se, no artigo, o engenheiro tivesse apresentado as suas efetivas contribuições para a nossa cidade, as quais desconheço.

 


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