Acompanhar as sessões ordinárias da Câmara Municipal de Florianópolis é excelente oportunidade para entender como a política serve primariamente a interesses específicos, e quase nunca ao interesse público. Nesta segunda-feira, em meio a discussões acaloradas, instalou-se a CPI que investigará as suspeitas de mau uso do dinheiro público no contrato da Prefeitura de Florianópolis com a empresa Thema Informática LTDA, no valor de R$ 11.240.000,00.

Depois da decisão de que serão cinco os integrantes da Comissão, os blocos políticos passaram a indicar seus representantes. E foi neste momento que o presidente Erádio Gonçalves (PSD, mesmo partido do prefeito) produziu um ato de puro autoritarismo e simplesmente suspendeu a sessão, impedindo a formação e o início dos trabalhos da CPI. Quando, para compor a Comissão, o bloco formado pelo PT, PSOL, PDT, PSDB e PRB elegeu Afrânio Bopreé e Gui Pereira, e o PP indicou Pedrão, o grupo que tem prezado pela transparência pública já havia conseguido a maioria da CPI. A ameaça de jogar luz sobre um contrato suspeito da prefeitura estava formada. O PSD (sim, aquele do prefeito e do Presidente da Câmara), então, disse que não podia decidir seu representante naquele momento, dando a Erádio um motivo, ainda que estapafúrdio, para encerrar a sessão. "Ninguém entendeu nada", disse, surpreso, Lino Peres ao final do expediente. 

A continuidade da discussão foi marcada para a sessão desta quarta-feira, 18. Nosso mandato já havia denunciado o esvaziamento de uma sessão pela base governista para impedir a instalação da CPI. Será que uma investigação sobre o contrato com a Thema Informática LTDA. ameaça a prefeitura?