MAIO NEGRO: A LUTA CONTRA O RACISMO E A DISCRIMINAÇÃO RACIAL

Notícias 06/06/2019

 

O Encontro das organizações e ativistas do movimento negro de Florianópolis no dia 27 de maio, na Câmara Municipal, cujo objetivo foi construir agendas que unifiquem as lutas contra o racismo institucional e estrutural, ganha impulso com o caso de Fábio Aristides Lima dos Passos, que está sendo acompanhado pelas entidades do movimento negro e pelo mandato.

O caso ganhou destaque quando o jovem negro, assessor parlamentar do deputado estadual Ivan Naatz, registrou boletim de ocorrência no qual acusa o deputado de crime racial. Fábio informou que, na conversa em visita do também deputado Sargento Lima (PSL) ao gabinete de Naatz, o mesmo, quando apresentou a equipe, fez o seguinte comentário sobre Fábio: “Sabe por que este preto trabalha no meu gabinete? É porque se algo der “merda” a culpa é dele”. Desconcertado e perplexo, Fábio não conseguiu reagir na hora, sendo que, dias depois, procurou o chefe de gabinete de Naatz e relatou o fato, tendo ouvido o seguinte: “É preciso engolir”.

Em 1992, em Santa Catarina, ocorreu um dos casos mais emblemáticos, conhecido como “Caso Vicente do Espírito Santo”. Ele era trabalhador da empresa Eletrosul quando o seu chefe direto, ao demitir trabalhadores, destacou que a demissão de Vicente teria como objetivo “clarear o ambiente”. Após um longo calvário de sofrimento e lutas com apoio do movimento negro, sindical, parlamentares e sobretudo de sua família, Vicente obteve uma vitória inédita em 1995. O Tribunal Superior do Trabalho Federal (TST) decidiu favoravelmente pela sua reintegração ao trabalho e tipificou o fato como prática de racismo. Vicente foi vítima e protagonista da inédita vitória no país: “Discriminação a gente sofre todo o dia, mas jogaram 17 anos da minha vida fora por eu ser negro.[...] De repente não tenho dinheiro para pagar. De repente não tenho dinheiro para comprar material escolar para os meus filhos. De repente sapato, roupa, inclusive alimento. [...] Eu costumo dizer que não existe vítima de racismo se não houver testemunhas e advogados interessados". Como afirma Vicente, a população negra sofre racismo todos os dias, e cada caso revelado, denunciado e combatido eleva a luta incessante do movimento negro brasileiro e catarinense.

Dia 4 de junho de 2019, organizações do movimento negro (Núcleo de Estudos Negros - NEN; Bloco Liberdade e Secretaria do Movimento Negro do PDT/SC; Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes- CEPA) protocolaram Requerimento junto à Comissão de Direitos Humanos e Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de Santa Catarina exigindo providências imediatas sobre o caso. O Movimento Negro catarinense está mobilizado em apoio ao Fábio, vítima como Vicente e centenas de negros e negras que sofrem essa atrocidade todos os dias! Denunciar é uma eficiente forma de luta contra o racismo!

Na foto, encontro das organizações e militantes do movimento negro dia 27/05 na Câmara Municipal de Florianópolis


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